Memórias da familia Perfeito de Magalhães - omaganifico@gmail.com

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

BREVE BIOGRAFIA DE FERNANDO PERFEITO DE MAGALHÃES E MENEZES DE VILLAS-BOAS

Breve biografia de Fernando Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas
(em construção)

Fernando Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas, arquiteto, aguarelista e publicista nasceu em Marco de Canaveses a 20 de Julho de 1880, e faleceu em Lisboa, a 29 de Janeiro de 1958.

Filho do Eng. Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes (15 de Junho de 1846 – 26 de Dezembro de 1918), 2º Conde de Alvellos, e de Maria Carolina Pinheiro de Magalhães de Villas-Boas (23 de Julho de 1852 – 18 de Agosto de 1900), era irmão de Maria, Francisco, José, e João Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas.

Passa grande parte da sua juventude entre Lisboa, São Martinho do Porto, Porto e a Casa da Corredoura, em Cambres, Lamego, propriedade dos seus Pais.

Tirou o curso de Construção e Condução de Máquinas do antigo Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, concluído em 23 de Novembro de 1899, e o curso particular de Arquitetura regido, no Porto, pelo arquiteto Michaelangelo Soá.

Casa em 20 de Maio de 1907 com Mafalda Joyce Fuschini, nascida em 02 de Fevereiro de 1882 e falecida em Agosto de 1962, filha de Augusto Maria Fuschini e de Maria Rita Joyce.

Deste casamento teve os seguintes filhos: i) Augusto Fuschini Perfeito de Magalhães e Menezes (22 de Março de 1908 – 19 de Outubro de 1968) que veio a casar com Maria Luisa Bessone Basto (11 de Agosto de 1920 + 15 de Março de 2012); ii) Manuel Joyce Fuschini Perfeito de Magalhães e Menezes Villas-Boas (05 de Abril de 1911) que veio a casar com  Maria José das Dores Mayer de Morais Palmeiro (02 de Maio de 1908); e iii) Maria da Graça Fuschini Perfeito de Magalhães (19 de Dezembro de 1912)  que veio a casar com Eduardo Monteiro do Amaral Neto.

Em 1909 foi nomeado para o serviço de estudos e construção dos Caminhos de Ferro do Minho e Douro, onde, juntamente com o engenheiro Daniel Comes de Almeida, concluiu o projeto do caminho de ferro da Régua a Lamego.

Realizou ao longo da sua vida mais de trezentos projetos para estações de caminhos de ferro (onde se destaca a estação de caminhos de ferro de Santarém), casas particulares, bairros para ferroviários, postos sanitários, restaurantes, com especial atenção aos elementos regionais, sendo também de sua autoria os projetos das estações dos caminhos de ferro do Lena e das habitações para os seus mineiros e funcionários.

Em 1923 foi nomeado arquiteto de Via e Obras da C. P., tendo-se reformado em Dezembro de 1948 por limite de idade.

Obteve vários diplomas de distinção das cadeiras do curso, de juntas de freguesia e da Câmara Municipal de Alcobaça pelos trabalhos que executou nessa região, sobretudo em S. Martinho do Porto, e do Instituto de Socorros a Náufragos (15 de Julho de 1917), entre outros.

Espírito de grandes iniciativas, devem-se-lhe algumas campanhas de revalorização nacional, onde se destaca a dos moinhos abandonados lançando a ideia de, além da sua função própria, servir para pequenos postos  automobilísticos e a identificação de todos os pelourinhos existentes no País, aguarelados, um por um, e que constitui uma coleção de cerca de 223 aguarelas (compiladas em edição da Inapa de 1991).

Foi um apaixonado pela construção e divulgação dos relógios de Sol, tendo apresentado numa interessante exposição, na Sociedade Nacional de Belas Artes, uma valiosa série de relógios que, além do seu carácter nacional, constituíam belos exemplares artísticos. Ali apresentou apresentou vários modelos destinados a castelos, praças públicas, quaisquer edifícios, projetos para facilmente orientar as populações das cidades, vilas, etc, indo até à minúcia de desenhar relógios portáteis, para janelas e pára-brisas de automóveis.

Publicou entre outros : “O senhor Wilson e os seus sete presentes”,1921; “O pesadelo e a luz d'alvorada da raça”; 1922; “Os dez-reís de gente de S. Martinho do Porto : contos verídicos“, 1923; e “A Habitação”, 1935.

É ainda da sua autoria um projeto de levantamento topográfico de S. Martinho do Porto e da sua urbanização racional, bem como a execução de mais de cem emblemas de profissões, feitos em prata.

Colaborou em diversos jornais e revistas tais como “Atlântida : mensário artístico literário e social para Portugal e Brazil” e o jornal “A Voz” onde se dedicou essencialmente a escrever artigos dedicados à arquitetura e à forma de construir de acordo com os materiais de cada região.

Fontes: “Livro de oiro da nobreza: apostilas à Resenha das famílias titulares do reino de Portugal” de João Carlos Feo Cardoso Castelo Branco e Torres e Manoel de Castro Pereira da Mesquita, Volume 3; “Ultimas gerações de Entre Douro e Minho: apostilas ás Arvores de costados das famílias nobres” de José Barbosa Canaes de Figueiredo Castello Branco, Volume 1; “Grande enciclopédia portuguesa e brasileira”, Volume 21; “Estudos de Castelo Branco”, Edições 1-2

Caso tenha informações/documentos sobre a vida de Fernando Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas por favor envie email para omaganifico@gmail.com

domingo, 29 de dezembro de 2013

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

BREVE BIOGRAFIA DE FRANCISCO PERFEITO DE MAGALHÃES E MENEZES DE VILLAS-BOAS


Breve biografia de Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas 
(em construção)


Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas, 3.º Conde de Alvellos (titulo hereditário confirmado por D. Miguel II de Bragança, e por D. Duarte Nuno), escritor, poeta e politico monárquico, nasceu em Marco de Canaveses a 7 de Março de 1875 e morreu a 25 de Julho-de 1960, na cidade do Porto.

Filho primogénito do Eng. Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes (15 de Junho de 1846 – 26 de Dezembro de 1918), 2º Conde de Alvellos, e de Maria Carolina Pinheiro de Magalhães de Vilas-Boas (23 de Julho de 1852 – 18 de Agosto de 1900), era irmão de Maria, José, Fernando e João Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas.

Passa grande parte da sua juventude entre Lisboa, São Martinho do Porto, Coimbra e a Casa da Corredoura, em Cambres, Lamego, propriedade dos seus Pais.

Frequentou o curso de Direito da Universidade de Coimbra, que não concluiu por conflito com o Catedrático da cadeira de Finanças Dr. Assis Teixeira., tendo cursado também em Lisboa, por períodos intermitentes, a Escola de Belas Artes.

No regime monárquico, participa no esforço de ocupação efectiva de Moçambique acompanhando Mouzinho de Albuquerque, tendo prestado relevantes serviços na administração ultramarina daquela provincia, principalmente  na administração aduaneira (1898-1904).

Esteve em Lourenço Marques de 1898 a 1899; em Chilomo 1900; Angoche 1901; Chinde 1903; e Lourenço Marques 1904, regressando nessa data à metrópole.

Casa em 11 de Novembro de 1907 com a sua prima direita Maria do Carmo Vilava de Magalhães e Menezes de Villas-Boas, nascida em 9 de Maio de 1886 e falecida em 12 de Fevereiro de 1977, filha do General Fernando de Magalhães e Menezes (Alvellos - Governador Geral de Cabo Verde e Moçambique, Chefe do Estado Maior do Porto durante a revolta republicana de 31 de Janeiro, que dominou e por cujo feito foi agraciado com a Comenda da Ordem da Torre e Espada) e de Adelaide Hermínia Teixeira de Moura (Vilalva de Guimarães).

Deste casamento teve os seguintes filhos: i) Maria Vilalva de Magalhães e Menezes, nascida em Cambres, Lamego, em 10 de Agosto de 1908 e falecida em Coimbra em 17 de Junho de 1975, casada com Manuel de Gusmão de Mascarenhas Gaivão (nascido em 01 de Março de 1901) c.g.; ii) José de Magalhães e Menezes de Villas-Boas, nascido em Cambres em 25 de Dezembro de 1909 e falecido em Amarante a 25 de Outubro de 1973, casado com Isabel Cândida Cerqueira Ferreira (nascida em Caminha a 11 de Novembro de 1907  e falecida em Lisboa a 30 de Julho de 1974), s.g.; iii) Duarte Miguel de Magalhães e Menezes de Villas-Boas, nascido a 10 de Fevereiro de 1920 e falecido no Porto em 1988, casado com Maria Helena Brazão de Sommer (nascida em  Lisboa a 23 de Novembro de 1925) s.g.; e iv) Fernanda Magalhães e Menezes (nascida a 16 de Junho 1911), s.g.


Com a implantação da república vive exilado, de 26 de Fevereiro de 1911 e 15 de Junho de 1911 vive exilado entre Pará, Manaus e Rio Branco (Brasil).

De Junho de 1911 a Setembro de 1912 vive entre Baiona, Corunha e Ferrol, e acompanha Paiva Couceiro nas incursões monárquicas tendo participado nomeadamente nos ataques a Vinhais e Chaves. Por esse motivo foi julgado à revelia pelo Tribunal Marcial de Braga -Tribunal de Guerra, em 1912, acusado de rebelião e conspiração contra as instituições republicanas.

Em 4 de Setembro de 1912 e após o insucesso das incursões monárquicas parte para  Madrid onde fica a residir por um ano.

De Setembro de 1913 a Maio de 1914 vive o exilio em Lugo, Galiza.

Em Maio de 1914 é obrigado a sair da Galiza e parte para Londres onde fica até setembro de 1914, regressando a Lugo em setembro de 1914.

No verão de 1915 termina o seu exilio politico e regressa definitivamente a Portugal.

Com a morte do seu Pai, em 26 de Dezembro de 1918, torna-se Senhor da Casa da Corredoura, em Portelo de Cambres, Lamego, e de vastas propriedades em Lamego, Mesão Frio, Santa Marta de Penaguião, Peso da Régua, Armamar, Foz Côa e Sernancelhe, juntamente com os seus irmãos.

Ocupou durante toda a sua vida diversos cargos no movimento monárquico português, tendo sido nomeadamente candidato nas eleições de Abril 1918 pelo Centro Católico Português, por Lamego; nomeado a 31 de Agosto de l926 pela lnfanta D. Aldegundes de Bragança, chefe tradicionalista da Província da Beira; membro do Conselho Superior do Partido Legitimista Português e;  membro do Conselho do Grémio Português Tradicionalista.

Poeta e escritor profícuo, publicou entre outras obras:

Cantares - Versos de Moço - 1905
Notas do Exílio - 1911 a 1915
As duas perolas - Comédia em verso
O Sonho Derradeiro de D. Sebastião - 1919
O Prior do Crato - 1919
1640 - 1919
Tres Regimens - Realeza Tradicional - Monarquia Liberal e República Democrática - 1920
Três Novelas - Deus - Pátria e Rei - 1922
Quarenta Contos - Narrativas Breves - 1924
Documentos sobre a representação do título de Conde de Alvellos
Princesa e Monja - A viúva do Rei Senhor D. Miguel - 1936
A Cova dos Lôbos – 1937 - (premiado com as violetas de prata nos Jogos Florais Luso-Espanhóis, realizados em Maio de l937 em Maio de l937 perante as Cortes de Amor de Madrid e Lisboa)
Entre Castelos e Quinas - 1938
Um Soneto - Esponsais do Donzel do Mar – 1942
Um Soneto - Casamento de Atlântidas – 1944
Um Soneto - O Berço Exilado - 1946 (obra premiada que obteve o diploma de honra no concurso para o «Grand Prix lnternational des Jcurnalistes et Écrivains d'Union Latine», realizado em Paris em 1952, e a que concorreram cerca de 500 originais em prosa e verso, franceses, espanhóis,  italianos, portugueses e brasileiros).

Monárquico legitimista/tradicionalista colaborou, em nome próprio ou sob o pseudónimo “MAGA”  em inúmeros periódicos nacionais tais como “A Nação” de Lisboa, “Jornal de Notícias” do Porto, “Comércio do Porto” do Porto, “O Dia” de Lisboa, “A Monarquia” de Lisboa, “A Tradição de Lisboa” de Lisboa, “A Tradição da Feira” de Vila da Feira, “O Marcoense” de Marco de Canavezes, e no “A Tradição de Lamego” de Lamego, jornal monárquico de que era um dos proprietários e fundador, e que viria a ser mandado encerrar, em Dezembro de 1919, pelos “jacobinos” de Lamego, como represália politica. 

Trocou vasta correspondência politica com D. Duarte Nuno (Duque de Bragança), António Sardinha, Paiva Couceiro, Luís de Almeida Braga, Alberto Monsaraz (Conde de Monsaraz), Hipolito Raposo, Rolão Preto, Teixeira de Pascoaes, Rui de Andrade, Fernando Gallego de Chaves Calleja (Conde de Santibañez del Rio, Marquês de Quintanar), Paiva Couceiro, Pequito Rebelo, Afonso Lopes Vieira entre outros.

Dedicou parte significativa da sua vida ao estudo do Radium e do Urânio, tendo descoberto as qualidades curativas da aplicação do Radium natural das águas de Cambres, e fundado a companhia com o mesmo nome (“Águas de Cambres”) empresa que esteve em funcionamento entre 1925 e 1988.


Sócio correspondente da Associação dos Arqueólogos Portugueses e da Sociedade de Geografia de Lisboa.

Caso tenha informações/documentos sobre a vida de Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas por favor envie email para omaganifico@gmail.com.

A freguesia de Cambres no tempo de António Perfeito Pereira Pinto Osório, por Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho Leal, em 1875


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Um Santo Natal e um bom 2014


QUATRO MIL DIAMANTES

Quatro mil diamantes

Tem o Rei as invejas do vassalo,
Que se julga nascido p’ra mentor;
Pois um qualquer, se tem por merecedor,
Não já de ouvir o Rei, mas de mandá-Lo!

O Rei que ande a pé; ele a cavalo;
Para si, o prazer; p’ro Rei, a dor;
O Rei não sabe; ele é que é doutor:
Se eu fosse rei um dia… oh que regalo!

Mas a Coroa é martírio e sofrimento:
“Ce pesant diàdeme” – Eis o lamento
Da Noiva de Dom Pedro! Da Germânia

Chegara, e , já Rainha, ainda repete:
ces diamants, ils m’ecrasent la tete!

- E, mártir, se finou Dona Estefânia!

In “Um Soneto –O Berço Exilado” pelo Conde de Alvellos, Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, Porto, 1946

sábado, 21 de dezembro de 2013

PEGADAS

Pegadas

Irónico e sereno como Buda,
A caravana olho, e não a sigo…
A Caravana passa. O Norte, muda,
E volta a Caravana ter comigo!

Sangra a Humanidade, na carnagem
Das guerras, procurando o inexistente…
E morre sequiosa e impaciente,
Ao topar, em vez d’água, uma estiagem!

Caminha eternamente, na miragem
Do seu apelo ao Sol sempre nascente…
- Ao ver muitas pégadas, ao poente,
Na meta, seu começo de romagem:

Por aqui, já trilharam viandantes!
Dirá. – “Mas qual seria aquele povo?
- Mas nós, os actuais Judeus Errantes! –

É redondo, este Mundo, como um ovo,
E tudo, tudo volve ao que era Antes,
Pois nada, nada há, que seja novo…

In “Um Soneto –O Berço Exilado” pelo Conde de Alvellos, Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, Porto, 1946

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

CAMÕES

Camões
“Não mais, Canção, não mais!”
Camões

A Afonso Lopes Vieira

II

Camões, então, na sórdida estalagem,
Pobríssima, que tinha por pousada,
Atirou p’ra um canto a Sua Espada:
Os mendigos não usam tal ferragem!

Mas remoçado o Velho, como um pajem
N’um salto, retomando a Abandonada,
Beijou-a, com sua alma ajoelhada,
Por derradeira e trágica homenagem…

- Ao gesto de ternura do Soldado
Na agonia, as pupilas já vidradas,
Essas folhas do aço tauxiado,

De brunidas, ficaram orvalhadas!
(- certo foi… Muito embora seja ousado
Acreditar , que chorem as espadas…)

In “Um Soneto –O Berço Exilado” pelo Conde de Alvellos, Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, Porto, 1946

Casa da Azenha - Rio Bom


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

CAMÕES

Camões

“Não mais, Canção, não mais!”
Camões
A Afonso Lopes Vieira,

I

Revolta-se o Poeta contra a Espada,
- Confidente, segura e companhia
De lisboa a Sofala, e de Monflia
A Melinde e Macau, mas já pesada

Para a trémula mão predestinada,
D’esse, que de cultura fez Poesia:
… a esmolar, Aqui, na Mouraria,
Não me serves, Amiga, já p’ra nada…

Nunca temeste os homens, mas combate
Contra ti, a mais treda das rivais,
A Miséria, - que põe em desbarate

Os teus terríveis golpes, tão leais,
Tão famosos, por Goa e por Mascate…
- não mais, Heroica Espada, nunca mais!

In “Um Soneto –O Berço Exilado” pelo Conde de Alvellos, Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, Porto, 1946

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

MIGUELISTAS...


MIGUELISTAS …
A S.A.R. O SENHOR D. DUARTE NUNO,

Desencadeadas rugiam as cóleras políticas, depois de emudecida a voz da artilharia do meeting monárquico de Monsanto, voz que se apagara sem ter conseguido despertar os ecos das montanhas do sul de Portugal; e mais alterações ululavam ainda as iras democráticas, após a galvanização suicida do gesto restauracionista do Porto… A tormenta seguia a curva dos ciclones, a todos envolvendo na sua zona perigosa de paroxismos abomináveis.
Combatera-se e, Águeda, em Lamego, Vila Real, Mirandela e Santa Comba…
Os republicanos do norte, surpresos desde o primeiro grito de – viva o rei, - e logo desalentados, haviam sem protesto maior, deixado que as multidões se embriagassem com os apressados compassos do hino da carta, mas, ao verem outra vez erguida sobre o tão abalado pedestal a estatua da sua querida republica, que quasi todos, aliás, reconheciam não ser aquela que tinham sonhado, logo rivalizaram de zelo partidário a forçarem as provas, que ninguém lhes exigia, do seu acrisolamento jacobino.
Os monárquicos constitucionais passaram então a ser, os bodes expiatórios d’essas retardadas manifestações de fé partidarista e eram eles agora, as feras acossadas d’aquelas montarias sangrentas, em que haviam actuado como batedores, aquando da retirada do exército de D. Miguel, que depois da épica quebra das espadas em Évora Monte, se pulverizaria desarmado e em demasia confiante na boa fé dos tratados.
Tudo se repete na história!....
E agora, como então, rugiam desencadeadas as cóleras politicas e ululavam mais alterosas as iras democráticas.
Os mais exaltados jacobinos, tomando como pretexto o golpe realista, perseguiam, vexavam, seviciavam ás soltas os contrários já vencidos, e mesmo aqueles que, sem politica activa, por temperamento e educação, não podiam ver com bons olhos essas canibalescas desafrontas. Simples conservadores, tradicionalistas pacatos, tranquilos católicos, pagaram muito caro, o que não tinham feito nem autorizado, e até o que, em voz sonora, haviam desaprovado por inoportuno!
Miguelistas houve, que sofreram, por razão dos seus mais imediatos inimigos, os constitucionais, tentarem levantar o regime que desde 1834 os havia espoliado da posse dos selos do Estado!
Desvairamento da logica e aberração do sentido político!...
Depois dos combates que felizmente não passaram de simpres escaramuças nos arredores de Santa Comba, seguidos logo, do avanço das tropas republicanas sobre Viseu, um velho sacerdote que pastoreava santamente uma das freguesias vizinhas do teatro da luta fratricida, teve de fugir e acossado de perto, acolheu-se no solar do visconde de Molelos. Aí descansou em segurança o tempo indispensável para dormitar umas horas e para comer um pouco, restaurando as forças que combalidas pela carreira e pela comoção.
Haviam-no visto entrar, porém. O palácio foi cercado e o padre teve outra vez de sair, já à pressa, por uma porta escusa, de poucos conhecida, que dava para o mais cerrado parque frondoso d’essa vivenda senhorial…. Os de fora, já forçavam as entradas principais…. Então o velho fidalgo, paralítico, mandu atravessar a sua cadeira de rodas sobre a soleira da saída salvadora, atrancando-lhe o acesso com o corpo, aí esperou, sem um olhar de impaciência, sem uma crispação de temor, a remetida dos assaltantes. Estes não se fizeram esperar….
- O padre? Esse padre?... Queremos já para aqui, a coruja de sacristia!... e o visconde, ou o que quer que é, se não entregar o tonsurado, irá no lugar d’ele!... – Vociferavam os dementados, crescendo ameaçadoramente sobre o venerando legitimista, ali, já só e abandonado dos criados, pavidamente desaparecidos…
Então o nobre visconde de Molelos, chumbado pela gota à sua cadeira rodada e baixa, cofiando às longas barbas alvinitentes com a sua mão aristocrática, onde brilhava uma esmeralda de preço, disse sereno, mas altivo, sem se rebaixar à escusa de uma mentira:
- O reverendo padre, meu amigo, que procuram, invadindo esta casa, já aqui não está. Ignoro o seu paradeiro, mas se o soubesse, à fé de fidalgo nunca o diria!...
Houve uma calma de momentos, depois d’estas palavras tão atrevidas como inesperadas… Durante esses instantes os adversários mediram as suas forças: D’um lado estavam vinte homens armados até aos dentes, possantes, coléricos, embriagados de vinho e de victoria, seguros da impunidade a mais completa; do outro um ancião paralítico, sozinho e desarmado!
Para os vermelhos, a luta seria, mera brincadeira de crianças… Mas sob o faiscante fulgor d’aqueles olhos onde se concentrara a vida toda do velho e altivo miguelista, esses homens boçais e sanguinários curvaram a cabeça envergonhados, nem eles sabiam bem de quê, foram saindo um a um, sem uma palavra e sem um gesto!.... E quando, já fora do palácio, reconsideraram no grotesco inverosímil da situação, o padre já ia longe!
Salvara-o da prisão certa e da morte provável às garras de vinte feras, o aprumo moral d’um velhinho, que pertencia a esse partido que vai vencendo a jornada do tempo, não pela intervenção armada, mas pela força do exemplo:

“Homens de um só parecer,
De um só rosto e um só fé,
De antes quebrar que torcer…! 

Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas (MAGA), 3.º Conde de Alvellos, in “40 contos”, Livraria Fernando Machado e Comp. Lda., Porto 1924.

domingo, 15 de dezembro de 2013

BREVE BIOGRAFIA DE JOÃO PERFEITO DE MAGALHÃES E MENEZES DE VILLAS-BOAS

Breve biografia de João Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas Boas

(em construção)

João Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas, nasceu no dia 6 de Dezembro de 1881, em São Mamede, Lisboa, e era filho de Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, 2.º Conde de Alvellos e de Maria Carolina Magalhães de Villas-Boas (irmão de Maria, Francisco, Fernando e José Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas).

Passa a sua juventude entre Lisboa, São Martinho do Porto e a Casa da Corredoura, em Portelo de Cambres, Lamego, propriedade dos seus Pais.

Inicia a carreira política no tempo da Monarquia Constitucional como administrador do concelho de Armamar.

Nas lides jornalísticas iniciou-se como redator do “Diário Ilustrado” órgão oficial do Partido Regenerador Liberal. Foi igualmente jornalista do “Correio da Manha”.

Secretariou o Presidente do Conselho João Franco. Com a implantação da República em 5 de Outubro de 1910, parte para Espanha onde conspira contra a República. Casa em Madrid, em 1911, por procuração, com Hermínia de Barros Dias Ferreira, filha de Francisco Dias Ferreira (ilustre advogado de Lisboa, responsavel pelo Contencioso do Crédito Predial Português, entre outros cargos) e de sua mulher Elisa de Barros, irmã de Albertina de Barros Dias Ferreira (casada com Miguel Trancoso), que se encontrava em Lisboa (falecida em Paços de Brandão em 1938).

Em 1911 parte para Londres acompanhando o exilio do Rei Dom Manuel II, onde permanece durante 7 anos.

Em Londres, o governo inglês nomeia-para o “Postal Censor Ship of the War Office”.

Monárquico convicto, durante 14 anos vive no exílio, entre Espanha, França, Reino Unido e Brasil.

Participa na revolta da “Monarquia do Norte”, sendo preso em Aveiro, juntamente com capitão Vitor Alberto Ribeiro de Menezes.

Aquando da Segunda Guerra Mundial, apresenta-se no Quartel de Cavalaria Dois, em Belém, como voluntário, integrando a “Legião Portuguesa”, onde chega a “Comandante de Lanças” de um batalhão de 120 homens.

Em 1939 é convidado pelo engenheiro Sá e Melo, diretor da “Exposição do Mundo Português”, por intermédio de António Ferro, para ocupar o cargo de delegado de propaganda desse evento no Brasil, cargo que aceita.

Em 1944 é convidado pelo deputado Barreto Pinto, para chefiar o restauro do Palácio de Dom João VI, na Ilha de Paquetá, Brasil,  onde acaba por residir por mais de 14 anos.

O seu grande amigo Tenente Brigadeiro Henrique Fleiuss, ministro da Aeronáutica no governo de Juscelino Kubitschekindica-o para o cargo de Assistente do Ministro de Aeronáutica do Brasil. Serve nessa altura como ligação à empresa americana dos “Hiller-350”, tendo os primeiros helicópteros adquiridos pelo Brasil sido por seu intermédio. Ao abrigo destas funções recebeu do Estado Brasileiro a Medalha Militar do Atlântico Sul.

Aos 88 anos regressa a Portugal, dividindo o seu tempo entre Armação de Pera, Lisboa e a Casa da Azenha, em Lamego, propriedade das suas sobrinhas Maria Carolina, Isabel e Adelaide Perfeito de Magalhães e Menezes

Escreveu vários trabalhos literários, artigos jornalísticos, scripts para teatro, cinema e rádio.

Escreveu juntamente com Fernando Santos, “Da Imperiosa Necessidade de Assistência em Estrada ao Automobilismo e Turismo em Portugal”, 1938.

Sócio do Clube Tauromáquico (699),

Morre em Lisboa em 1973. 

Caso tenha informações/documentos sobre a vida de João Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas ou Herminia de Barros Dias Ferreira por favor envie email para omaganifico@gmail.com.

Especial agradecimento a Adrian N. Johnson da Universidade do Texas (Austin) pelos elementos fornecidos para a elaboração desta biografia.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Fado da Nau


O Fado da Nau! – É fado mau…
“…. Vai em nome de Deus, da Pátria e …. do Estado Novo!!!…”

Se a tivessem mandado,
À nova nau de seiscentos -
Colher a rosa dos ventos,
Com o leme consagrado,
Não teria naufragado,
Depois de um salto mortal
À vista de tanto povo! -
(No Estado Velho afinal...
Não manda o Estado Novo!)
- E é velha a nau Portugal! –

E pondo o leme de ló,
Ela dorme sobre o lodo,
À espera do lema todo,
E no entanto faz - ó-ó!!
O que espera é ouvir só,
O que uma Nau-General,
Ouvia bradar à Grei,
Seu velho lema integral: -
Vai com Deus, Pátria e o Rei
 - Que assim se fez Portugal!" -

Esta mal fadada Nau
Depois de torto batismo
Um destino sempre mau,
Fadou-a ao cataclismo…

Já três vezes se alagou,
Sofrendo tratos de preta,
Que alguém já lhe chamou
A nova “nau Catrineta”!

Nova Nau! Lhe diz o Povo
Tanto subiste em balão,
Que tal qual o Estado Novo,
Nem servirás p’ra pontão!


Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas
3.º Conde de Alvellos

Sobre a Nau Portugal ver https://www.youtube.com/watch?v=HP6Hiv8B-Qc

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Casa da Corredoura 26/10/2014


AFONSO LOPES VIEIRA


AFONSO LOPES VIEIRA

Não se enterrando o grão, não nasce o trigo!
Descanta o Lavrador a granjear…
- Tanta Semente foi a enterrar
Que, saturado o solo, é já castigo!

Senhor! Demais poupar o inimigo,
D’insolente sorriso a triunfar;
Negar aos bons; aos maus premiar;
Não será, por ingrato, um grande perigo?

Pois a descrença a todos tenta, espreita
E segreda: “A Verdade também mente!
E mais sábio será, o que se ajeita…

- O Vate e o Soldado, - é outra gente!
Sabem que p’ra ser bela uma Colheita,
Enterra-se o Melhor – para Semente!


In “Um Soneto –O Berço Exilado” pelo Conde de Alvellos, Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, Porto, 1946

Sobre Afonso Lopes Vieira ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Lopes_Vieira´
Grande amigo de Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes de Villas-Boas, no final da sua vida, em postal datado de 9 de Janeiro de 1944, drigido a este confessa: «As tuas letras fazem- -me sempre bem; são um tónico, e preciso dêlas" (fonte: Afonso Lopes Vieira a reescrita de Portugal, Volume 1, IN-CM, 2005, pag 199, Cristina Nobre.

domingo, 8 de dezembro de 2013

IMMACULATISSIMAE CONCEPTIONI

IMMACULATISSIMAE CONCEPTIONI
MARIAE TUTELARIS!

Padroeira, traduz-se por – Madrinha;
Madrinha, quer dizer segunda Mãe;
Três mágicas palavras que contêm:
- a doçura do mel, leite, a farinha,

A horta e o pomar, o prado e a vinha,
A lareira e a casa, e esse Bem
Do Amor, sem o qual, nunca, ninguém
Foi alguém, e que é – uma Maezinha…

Desta Pátria, oh Madre Protectora,
(mormente pelos tempos adversos),
E Lhe guardais a Coroa Redentora,

Dos Netos dos seus Reis, ora dispersos;
Aceitai ser madrinha, oh Gransenhora,
Do bárbaro lavor destes meus versos!


In “Um Soneto –O Berço Exilado” pelo Conde de Alvellos, Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, Porto, 1946

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O ÚLTIMO REI TRADICIONALISTA


O Último Rei Tradicionalista


“Muertos no son
Los que en paz descansan,
Bajo la tumba fría;
Muertos, son los que tienen muerta el alma
Y viven todavía…”

Muertos: - os que descreram do Futuro, sempre reprise do Passado, pois nada há novo sobre a Terra; Muertos, - os que desertaram no Presente, renegando o nome dos seus maiores e humilhando o apelido de seus filhos…

Tradição – Primavera! – O Tronco é bem directo… (não morre a Tradição, - disse Campoamor): - Continuou no Filho; refloriu no Neto e sorri no Bisneto, a Tradição em Flor!


In “Um Soneto –O Berço Exilado” pelo Conde de Alvellos, Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, Porto, 1946

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

TÂNGER E O EXEMPLO


In “Um Soneto –O Berço Exilado” pelo Conde de Alvellos, Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, Porto, 1946

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A UMA CONDESSINHA


A UMA CONDESSINHA

Eu quizera ser (oh que vaidade a minha!)
Um poderoso Rajah do seio do Industão
Para te ir depôr aos pés, altiva condessinha
Com o meu imenso amôr o sceptro de rainha
Todo de diamantes, em troca da tua mão

Mas vi-te caridosa – mudei já de pensar! –
- Tu surrias tão meiga a um pobre pescador! –
Que eu quero não ter pão, eu quero não ter lar
Para te ir pedir d’esmola – a luz do teu olhar –
Joia que não tem a corôa do Imperador

C. de A.

São Martinho, 9-1897

in "Cantares", Typografia dos Caminhos de Ferro do Estado, 7 de Março de 1905