Coisas
da vida…
Em
moldura de ouro e prata,
Sobre
cómoda de pau-santo,
Meiga
e linda se retrata,
Minha
filha, o meu encanto.
Sorri
tão linda e tão bela
No
branco caixão deitada,
…
Uma linda flor singela
Ao
despontar a alvorada.
Quando
finou… pobrezinha
Era
o pai que assim escreve,
Foi
em pano baratinho,
Envolto
o corpo de neve!...
Debaixo
da terra, na cova,
Dorme
ai a minha amada,
Lágrimas
tem e … tão nova…
As
lagrimas da madrugada.
E
se vivesse o lírio amado
Essa
boa criancinha,
-como
é triste e amargo o fado –
Era
a rica morgadinha.
Casa
da Azenha, Douro, Outubro de 1903
Publicado
originalmente no jornal “A Nação” de
24 de Outubro de 1903.
Republicado em Dezembro de 2016, no livro “Entre Montes”, Crónicas do Maga 1900-1904, de José Perfeito de Magalhães de Villas-Boas (Alvellos).