Memórias da familia Perfeito de Magalhães - omaganifico@gmail.com
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
sábado, 6 de janeiro de 2018
A morte d´uma filha.
A
morte d´uma filha.
Às Mães
Lá
vai o enterro já na calçada,
Lá
vai minha filha para a caminha
Triste
coveiro larga a enxada
Ela
não gosta de dormir sozinha.
Não
gosta não, pode ter medo,
Não
conhece a boa madrinha,
Triste
coveiro, ainda é cedo
Ela
não gosta de dormir sozinha.
Olha
que ela pode acordar.
-
É tão linda a minha filhinha! –
Triste
coveiro, mais devagar
Ela
não gosta de dormir sozinha.
Olha
coveiro, ela é tão nova,
E
o coval é tão estreito!...
….
Olha, coveiro, faz-lhe outra cova,
Enterra-m’a
aqui dentro do peito.
Mirandela,
1 de Março de 1903.
Publicado originalmente no jornal “A Nação” de 5 de Março de 1903.
Republicado em Dezembro de 2016, no livro “Entre Montes”, Crónicas do Maga 1900-1904, de José Perfeito de Magalhães de Villas-Boas (Alvellos).
segunda-feira, 1 de janeiro de 2018
A Alfredo Serrano
A Alfredo Serrano
Dentro das tábuas
negras do teu caixão
Eu sinto Serrano a
bater teu coração.
Em festa o teu
cadáver! Por um instante
O teu belo olhar, o
teu olhar brilhante,
Feito de luz, de
fé, feito de esperança,
Toda, toda, a sua
antiga luz nos lança.
A boca a vibrar n’uma
frase harmoniosa,
Vai cantar talvez um
canto de cor de rosa.
A alma então no céu
azul brilhante
Canta lá em cima em
alegre descante,
Do cadáver do
poeta, d’esse corpo malfadado
Pode sair em breve
o aroma perfumado
Da flor silvestre,
mas pura da leveza
….Nascida do teu
corpo…. em terra portuguesa.
Casa da Azenha –
Douro.
Republicado em Dezembro de 2016, no livro “Entre Montes”, Crónicas do Maga 1900-1904, de José Perfeito de Magalhães de Villas-Boas (Alvellos).
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